A fertilização foliar é uma alternativa sustentável para a correção imediata de deficiência de determinados macro ou micronutrientes em plantas cultivadas. O uso de fertilizantes foliares é particularmente importante em regiões onde o tipo de solo limita a absorção de determinados micronutrientes pelas raízes devido aos seus constituintes químicos. A aplicação foliar de nutrientes em estágios específicos de desenvolvimento da safra aumenta a produtividade e melhora a sua qualidade. No entanto, muito ainda permanece desconhecido sobre os processos que fundamentam o movimento dos nutrientes aplicados na superfície da planta e adentram os tecidos foliares. Esse entendimento ainda incipiente dos processos fisiológicos de absorção de nutrientes foliares limita, de certa forma, a visibilidade dos esforços em se aumentar a efetividade dos fertilizantes foliares para aplicação em grandes culturas.
As plantas são capazes de absorver elementos essenciais pelas suas folhas, a partir de estruturas foliares especificas e em condições específicas. As folhas têm uma cuticula hidrofóbica que restringe a perda e entrada de água, além de selecionar a entrada de partículas de qualquer natureza na planta. A absorção de qualquer nutriente via folha é controlada pela planta por meio de interações fisico-quimicas do nutriente com a cuticula e interações com receptores. Assim, há um limite máximo no qual as plantas conseguem absorver e usar os nutrientes, e essa concentração é finamente regulada pelas folhas. Considere, ainda, que apenas uma pequena fração desse total necessário pela planta é adquirido via adubação foliar. Por que isso acontece? Dois são os prinicipais fatores que influenciam a efetividade das aplicações foliares: primeiro, a especiação química (óxidos ou sais) do macro ou micronutriente usado.
Essa especiação é a maior responsável tanto pela absorção do nutriente, quanto pela sua movimentação por entre as células dos tecidos vegetais. No entanto, detalhes acerca da movimentação dos nutrientes através da cutícula hidrofóbica, bem como a real importância dos estômatos e tricomas na absorção dos nutrientes foliares permanecem desconhecidos. Espécies químicas distintas podem levar a um aumento ou uma diminuição na absorção de dado nutriente. Parece existir uma preferência pela planta em promover a absorção de contra íons específicos, fenômeno que ainda não conhecemos completamente. Ainda, a aplicação conjunta de diferentes nutrientes pode resultar em uma ação antagônica de um dos nutrientes, diminuindo a sua eficiência de absorção. De fato, a interação entre os diferentes macro e micronutrientes, quando aplicados em conjunto, também é ainda pouco conhecida.
O segundo fator é a formulação que acompanha esse nutriente. Além de garantir as propriedades físico-químicas que vão propiciar uma melhor aplicação no campo, a formulação tem papel fundamental na interação do nutriente com a lâmina foliar. Ela promove uma melhor aderência do nutriente à folha, impedindo a sua lavagem pela chuva; aumenta a dispersão dos nutrientes nas gotas e melhora a cobertura da folha, evitando, assim, que uma alta concentração de nutrientes seja depositada pontualmente na lâmina foliar. De fato, um acúmulo de nutrientes em regiões pontuais da folha leva a uma desidratação intensa, que resulta na ‘queima’ da lâmina foliar. Essa queima pode gerar regiões de clorose ou necrose, que passam a não fazer mais fotossíntese e que podem, em uma situação extrema, levar a uma queda na produtividade.
Identificar as espécies químicas ideais para cada nutriente, e entender seus mecanismos de absorção e transporte nos tecidos foliares, bem como identificar e quantificar o impacto dessa absorção na fisiologia e bioquímica de plantas são passos-chave para o desenvolvimento de novos componentes e formulações que melhorem a absorção e performance dos fertilizantes foliares. De fato, cada componente da formulação de um fertilizante foliar tem papel crucial não só na estabilização da formulação e facilitação do processo de aplicação, mas em fenômenos de espalhamento e retenção dos nutrientes sobre a lâmina foliar, evitando a sua lavagem por chuva, e também no processo de absorção e até na translocação entre as células dos tecidos foliares.
Os pesquisadores da Oxiteno se preocupam em oferecer componentes e formulações que otimizem a aplicação e performance de fertilizantes foliares. Eu, como botânica, me preocupo especificamente com a otimização dos processos de absorção e translocação dos micronutrientes nos tecidos foliares. E, nessa área temos dois desafios: primeiro, o desenvolvimento de novas moléculas e melhoria das formulações que atuam como promotoras de absorção, e o segundo, e talvez mais importante, é o desenvolvimento de metodologias adequadas e robustas que nos permitam fazer o screening de componentes com potencial atuação como uptake enhancers. Na Oxiteno, temos buscado parcerias com universidades e outras instituições de pesquisa para o desenvolvimento de metodologias analíticas robustas para avaliação de formulações de fertilizantes. Queremos, de fato, otimizar e desenvolver tecnologias não-destrutivas de avaliação fisiológica que nos permitam realizar um screening rápido e confiável de componentes e formulações in planta. Desta forma, podemos fornecer aos nossos clientes soluções únicas, otimizando a performance dos seus nutrientes em campo.