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O Futuro do Mercado de Herbicidas com o Advento de Novos Pacotes Tecnológicos

Publicado em: 18 julho, 2021.

O segmento de defensivos agrícolas no Brasil apresenta números que impressionam: em 2020, o valor de produto aplicado superou os US$ 12,13 bilhões, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), e os herbicidas têm uma participação relevante nesse mercado. De todo o volume aplicado de defensivos em 2020 (1,05 milhão de toneladas), 48% corresponde à categoria; é mais que o dobro do segundo colocado, os inseticidas (21%). Em termos de área tratada, 24% do total refere-se aos herbicidas, segunda posição, apenas atrás dos inseticidas (25%), o que reforça a importância desta categoria para o agronegócio brasileiro.

Todavia, nos últimos 3 anos, o valor de produto aplicado com herbicidas caiu de US$ 3,76 bilhões para US$ 3,15 bilhões, redução de 15%, de acordo com o Sindiveg. Essa queda pode ser resultado de possíveis alterações nas dinâmicas de uso, comercialização, legislação, ou até mesmo acerca de aspectos técnicos como a eficiência dos produtos, resistência de plantas daninhas e alteração nas formulações.

No Brasil, as principais culturas tratadas com defensivos em 2020, em termos de área, foram, de longe, a soja (55% do total) e o milho (15%). Dado a importância dessas cadeias para o setor, e os desafios que elas têm enfrentado nos últimos anos (resistência, alterações climáticas, aumento na demanda e outros), a indústria de defensivos vem passando por constantes transformações, com modelos de negócios disruptivos, desenvolvimento de novas tecnologias, incorporação de startups e integração de serviços e soluções.

Uma das mudanças mais relevantes tem sido a integração de portfólios entre defensivos e sementes, por meio da criação de pacotes tecnológicos, especialmente quando o foco são as biotecnologias de soja para tolerância à herbicidas. Sabemos que algumas delas também conferem resistência às pragas, mas o foco de nossa análise está nos herbicidas, afinal, vale lembrar que o primeiro evento de transgenia em soja advém da tolerância ao Glifosato, algo que revolucionou o seu cultivo, especialmente no Brasil.

Mais recentemente, algumas novidades têm sido apresentadas nesse sentido. A Bayer, que passou a deter a “Intacta RR2 Pro”, após a compra da Monsanto em 2018, acabou de lançar a terceira geração da biotecnologia para a soja, a “Intacta 2Xtend”, que agora também conta com a tolerância ao herbicida Dicamba, além do Glifosato. A BASF, por sua vez, detém a tecnologia “Liberty Link”, adquirida após as transações realizadas com a Bayer, também em 2018, e que confere a tolerância da soja ao herbicida Glufosinato de Amônio. Na mesma linha, a multinacional Corteva lança este ano a tecnologia “Enlist”, que apresenta tolerância para até 3 moléculas de herbicidas: o 2,4-D, o Glufosinato de Amônio e o Glifosato.

Olhando para a estratégia de negócios dessas empresas, o mais interessante é que, além de comercializarem a tecnologia e/ou as sementes que conferem tolerância, elas também oferecem os defensivos à base dos ativos nos quais as plantas são tolerantes. E este posicionamento, por meio da oferta de pacotes tecnológicos (contando com outros tipos de soluções, inclusive), tem se tornado um grande atrativo aos produtores rurais.

Com mais da metade do volume de defensivos direcionado à soja no Brasil, é notável que as novas tecnologias tendem a alterar as dinâmicas do mercado de herbicidas. Com elas, o produtor pode controlar uma gama maior de plantas daninhas, ao passo em que cultiva a soja, e sem a necessidade de aguardar intervalos de segurança para realizar a semeadura. Vale ressaltar que o tempo é um ativo cada vez mais precioso na agricultura; basta olharmos para as quebras de produção no milho 2ª safra, neste ciclo, devido à atrasos na semeadura.

Como resultado desse comportamento, a tendência em um primeiro momento, é que os herbicidas não seletivos, ou seja, aqueles que são geralmente aplicados nos períodos de pré-semeadura ou pós-colheita, sejam menos comuns na rotina do produtor. Entretanto, vale lembrar que a agricultura é uma atividade dinâmica e que outros fatores precisam ser considerados: as características edafoclimáticas de cada região; a produtividade, custos de produção e os resultados do produtor; os casos de resistência; e até mesmo o sistema produtivo em questão.

É fato que os agricultores estão curiosos para conhecer essas novas biotecnologias, e a expectativa é de que gerem bons resultados no campo. Mas precisamos seguir acompanhando as próximas safras para entendermos como elas vão, efetivamente, alterar a dinâmica de compras dos diferentes tipos de produtos disponíveis no mercado. Tem muito por acontecer!

Marcos Fava Neves | Professor Titular (tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto) e EAESP/FGV (São Paulo), especialista em planejamento estratégico do agronegócio.

Vinícius Cambaúva | Associado na Markestrat Group, Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP e Mestrando em Administração de Organizações pela FEA-RP/USP.




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