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Expectativas para o Agro Brasileiro em 2022

Publicado em: 31 janeiro, 2022.

O ano de 2021 trouxe muitos desafios para o agro brasileiro: clima, custo de produção, restrições comerciais, disponibilidade de insumos, pragas, doenças… e muitos outros problemas! Mesmo assim, conseguimos alcançar resultados impressionantes: a estimativa é de que fechamos o ano com US$ 118 bilhões em exportações e saldo recorde na balança comercial (alcançado em outubro) em torno de US$ 100 bilhões; a participação do setor no PIB do Brasil deve ficar em 28,0%, aumento de 1,4 pontos percentuais; o Valor Bruto da Produção (VBP) do agro foi estimado em torno de R$ 1,15 trilhão, alta de quase 15,0%; e uma produção de grãos em torno de 253 milhões de toneladas (-1,8%), e que se não fosse o clima, seria bem maior! Mas, afinal, o que esperar de 2022?

A fim de contribuir para a jornada de agricultores e profissionais do setor, nós elaboramos (com base na análise de estudos, entrevistas com agentes do setor e experiência própria) uma lista com as 10 palavras mais importantes para o agro em 2022; são pontos para acompanharmos rotineiramente, a fim de antecipar riscos, ampliar margens e buscar melhores resultados. Vamos a eles:

  1. Clima: na última safra (2020/21), os longos períodos de estiagem, a ocorrência de geadas e outros eventos climáticos causaram a redução na produção de diversas culturas como o milho, o café a laranja. A ocorrência do fenômeno La Niña neste início de ciclo 2021/22 trouxe novas preocupações aos agricultores e algumas regiões (destaque para o MS e Sul do país) já enfrentam a seca e começam a revisar suas projeções. Precisamos acompanhar diariamente as previsões para tomar decisões mais assertivas e evitar prejuízos no campo.
  2. Insumos: outro ponto de atenção para este ano será a disponibilidade de insumos, especialmente de fertilizantes e defensivos. Como sabemos, muitos destes produtos dependem de matérias-primas de outros países ou são fabricados no exterior (importações). Resultado da menor oferta, os preços devem seguir em níveis elevados e, por isso, é essencial analisar com cuidado as opções de compra e buscar meios alternativos (reutilização de recursos e outros).
  3. Custos: com a alta no preço dos insumos e dos combustíveis, a gestão de custos se torna indispensável. Calcular de forma frequente as relações de troca, otimizar as operações no campo buscando economia e maior eficiência, e o constante registro dos gastos da empresa/propriedade são algumas das ações que precisam estar no planejamento e nas atividades do negócio.
  4. Preços: diversos relatórios e análises de mercado apontam que os preços de commodities devem continuar em níveis elevados este ano, mas sempre com atenção: havia tendências de baixa para alguns produtos como soja, milho e algodão, a depender do desempenho da safra nos principais países produtores, mas agora com o problema do clima o quadro já mudou novamente. Assim, analisar cuidadosamente as opções de venda – optando, inclusive, por antecipar a comercialização de parte da produção – é de suma importância; além de buscar ferramentas para otimizar a negociação e possibilitar melhores margens.
  5. Câmbio: se por um lado a cotação das moedas está atrelada aos custos, especialmente de insumos, do outro é um indicador determinante para as relações comerciais internacionais e o fluxo de vendas externas dos produtos brasileiros. Vale lembrar que o Brasil tem ocupado cada vez mais a posição de fornecedor global sustentável de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos, e a evolução nesta frente depende da nossa competitividade internacional. É um ano eleitoral, e o câmbio pode ficar muito volátil.
  6. Economia: com a retomada das principais atividades econômicas graças ao fim do isolamento social (pandemia da ovid-19), é importante acompanharmos as perspectivas de crescimento da economia brasileira e mundial (PIB), bem como as decisões relativas à taxas de juros, disponibilidade de crédito (foco no Plano Safra) e outros. Vale pontuar aqui também a possibilidade de novas ondas da covid-19, principalmente a Omicron e ver o que teremos de restrições.
  7. Consumo: a retomada econômica mundial tem impulsionado o consumo de diversos produtos do agro, especialmente aqueles com valor agregado mais elevado, como é o caso das carnes. Se a variante nova da Covid for superada com mais facilidade e o mundo crescer os prometidos 4,7%, teremos bons sinais. No Brasil, o novo apoio para famílias carentes deve ajudar no consumo de alimentos. Devemos observar também a China e seus problemas.
  8. Política: além dos projetos relevantes que estão em pauta no congresso brasileiro, vale lembrar que 2022 é um ano eleitoral, o que geralmente traz instabilidade aos mercados, afetando a economia e outros setores, inclusive o agro. Ver e acompanhar as propostas dos candidatos será fundamental.
  9. Resultados: sem dúvidas, muitos dos pontos citados anteriormente dependem de como será o desempenho do agro brasileiro e mundial, especialmente em termos de produção e produtividade. Por isso, é essencial acompanharmos as estimativas de safra, as condições das lavouras, os volumes que serão colhidos e o comportamento em relação aos estoques. O desafio de gestão dos produtores é maior ainda, pois os custos estão muito maiores, e consequentemente os riscos.
  10. Sustentabilidade: produção sustentável não é mais uma opção, e o nosso agro tem dado um show! Vamos a alguns exemplos de números e ações que comprovam nossa importante atuação:
    • Um dos aspectos mais relevantes, sem dúvidas, é o nosso avanço em termos de produtividade. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a produção de grãos no Brasil cresceu 515,0% nos últimos 50 anos, enquanto que a área aumentou 92,0%. Como consequência, demos um salto de produtividade em 221,0% no período. Graças aos avanços da pesquisa agronômica e da ciência no campo, estamos produzindo 5 vezes mais alimentos (grãos) em uma mesma área;
    • O crescimento da área plantada de grãos no país é resultado, em grande parte, da destinação de pastagens para produção agrícola. Nos últimos 30 anos, as áreas de pasto no Brasil caíram 15,0%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. A pecuária de corte é outra cadeia que tem elevado de forma expressiva sua produtividade, por meio da recuperação de pastagens degradadas (foram 26,8 milhões de hectares recuperados entre 2010 e 2018), avanços em genética, nutrição e reprodução animal, além da implementação de sistemas produtivos sustentáveis;
    • Por falar neles, o agro brasileiro é pioneiro na criação e implementação de modelos produtivos ambientalmente responsáveis e inovadores. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), desenvolvido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), permite as atividades de produção agrícola, pecuária e florestal em uma mesma área, em diferentes períodos do ano. Entre outras vantagens, este sistema possibilita – em condições específicas – o sequestro de carbono (CO2) da atmosfera, viabilizando a neutralidade nas emissões da atividade. Estima-se que, atualmente, o Brasil já ultrapasse os 10 milhões de hectares implementados sob este sistema de cultivo;
    • Outros sistemas produtivos sustentáveis de destaque são o plantio direto na palha, cujo pilares são o mínimo revolvimento do solo (1), a rotação de culturas (2) e a cobertura permanente do solo (3), possibilitando a proteção do solo e o aumento de sua fertilidade; além dos sistemas em consórcio com leguminosas e forrageiras – e muitos outros;
    • Por fim, destacamos o nosso desempenho em relação a correta destinação das embalagens de defensivos agrícolas. Segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), o retorno deste tipo de recipiente alcançou o índice de 94,0% em nosso país, graças ao Sistema Campo Limpo, uma iniciativa que aglutina os players do setor em prol da logística reversa. Desde 2002, quando o projeto foi criado, mais de 630 mil toneladas de embalagens foram devolvidas, evitando a emissão de 823 mil toneladas de gás carbônico equivalente (CO2eq) – mais um show do nosso agro!

A Conferência do Clima (COP-26) em Glasgow, Escócia, no ano passado, trouxe diversos compromissos voltados à redução das emissões, do desmatamento e o incentivo ao desenvolvimento sustentável. E não é nenhuma novidade que o agro brasileiro deve ser um dos setores com maior participação na busca por estes objetivos. Estamos fazendo um trabalho admirável nos últimos anos, e temos a certeza de que vamos continuar evoluindo.

Esperamos que este material contribua para a assertividade de suas decisões! Aproveitamos para desejar a todos os nossos agricultores e profissionais, um excelente ano! Que possamos superar os desafios com muito planejamento e gestão, a fim de continuarmos agregando valor por meio do melhor negócio do Brasil, o agronegócio!

Marcos Fava Neves é Professor Titular (tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto) e EAESP/FGV (São Paulo), especialista em planejamento estratégico do agronegócio.

Vinícius Cambaúva é Associado na Markestrat Group, Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP e Mestrando em Administração de Organizações pela FEA-RP/USP.

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