AGROQUÍMICOS

AGROQUÍMICOS

Avanços tecnológicos exigem atualizar formulações e adotar insumos mais eficientes e seguros.

Editoria Agroquímicos – Revista Química e Derivados

Trecho retirado da revista que consta a entrevista do Edson Pitta, Gerente Global de Marketing do segmento de Crop Solutions da Indorama Ventures.

INDÚSTRIA ATIVA – A indústria química brasileira está investindo para ampliar a oferta de insumos e também de produtos formulados no ramo dos agroquímicos. Nos últimos anos, verificou-se um aumento na importação de produtos formulados, expondo dificuldades da produção nacional, exigindo reação por parte dos fabricantes locais.

“Nos últimos cinco anos, houve um aumento expressivo de produtos técnicos entrando no país, bem acima dos produtos formulados, mas é importante ter em mente que isso vai depender muito de molécula para molécula. Por exemplo, no caso do herbicida não seletivo glifosato, houve um aumento expressivo do produto formulado entrando no país, por falta de capacidade de suprimento da demanda local. Por outro lado, o fungicida de contato clorotalonil registrou teve muito mais produção local e importação do produto técnico, causando uma queda na importação do produto formulado”, considerou Henrique Alves, gerente de maketing de industrial solutions da Dow para a América Latina. Esse movimento de importação dependem da capacidade produtiva local, tipo de tecnologia, situação do regulatório e interferência do grau de infestação da safra. “É mais uma questão da indústria do que da demanda”.

“A importação de defensivos já formulados é algo que sempre aconteceu, alguns anos mais, outros menos pronunciadamente. No entanto, um ponto importante a se ressaltar é que as grandes empresas de defensivos estão investindo cada vez mais na produção de formulação local devido aos problemas logísticos vivenciados recentemente, ao aumento de custos de energia e a problemas regulatórios na Europa. Mas o grande driver é que a agricultura no Brasil não para de crescer e a expectativa é que siga sendo muito relevante para o PIB e para as exportações do nosso país”, afirmou Gunther Zaremba, diretor de vendas do negócio Agro da Nouryon para a América do Sul.

“Apesar da tendência de aumento da importação de formulados, há que se ressaltar que várias empresas de agroquímicos estão anunciando expansões em suas capacidades de formulação locais, muitas vezes alinhadas à necessidade de mitigar os riscos associados à cadeia logística, atender demandas just in time, e viabilizar a crescente demanda por produtos biológicos, que em sua maioria, por restrições de shelf life, são preferencialmente formulados localmente”, avaliou Edson Pitta, gerente de marketing do segmento de Crop Solutions da Indorama Ventures, que comprou no ano passado a Oxiteno.

Segundo Pitta, a Indorama também mantém projetos de expansão e produção local de várias especialidades para as soluções agroquímicas, bem como o lançamento de componentes para as formulações mais recentes do mercado, além de inovações para o melhor desempenho dos produtos de proteção de cultivos, adjuvantes, fertilizantes e químicos utilizados na  agricultura.

INOVAÇÕES – O avanço da tecnologia de cultivos está sendo apoiado pela indústria química, que procura se antecipar às demandas ainda em formação. É o caso da Clariant, fornecedora global de especialidades químicas para a agricultura que acompanha os desafios dos produtores rurais e formuladores em relação às mudanças climáticas, regulamentações e economia global.

“O desenvolvimento de novos insumos está focado nas principais tendências do mercado agrícola e uma delas, sem dúvida, é oferecer soluções para novas tecnologias de aplicação, incluindo drones. Com tecnologias de precisão, os agricultores podem apli- car defensivos agrícolas em menores quantidades e com maior acuracidade e efetividade, tornando a pulverização de culturas mais precisa, econômica e segura. Porém, as novas aplicações têm menos água e precisam de novas formulações específicas para esse tipo de aplicação”, comentou Daniel Florez, marketing lead de Crop Solutions Americas.

A Clariant conta com uma linha de adjuvantes para solucionar os maiores desafios das aplicações com drones, com destaque para o Synergen® DRT que ajuda a controlar a deriva e a volatilidade das gotas finas durante a aplicação e melhora a cobertura e a penetração dos ativos nas folhas, aumentando o desempenho biológico e tornando a pulverização com drones mais sustentável e ecologicamente correta. “Essa nova tecnologia adju- vante mostrou que com pequenas do- ses se obtém um desempenho robusto no controle da deriva, mesmo quando usado com misturas de produtos, destacando-se a maior eficácia dos herbicidas na dessecação de plantas daninhas”, informou Florez.

A Dow mantém a oferta de soluções com produção local para melhorar o desempenho das formulações de seus clientes. “É notável que a indústria busque alternativas sustentáveis e formulações mais ecológicas venham ganhando espaço e recebendo mais atenção, buscando remover inertes proibidos e mais agressivos da formulação final. Esses dois tipos de formulação vêm ganhando espaço, como OD (dispersão em óleo) e SC (suspensão concentrada), e é expressivo o número de registros de novos produtos com essas formulações. Portanto, estamos desenvolvendo modificadores reológicos para formulações OD para termos como uma solução de prateleira em 2023”, adiantou Lucelena Cardoso, gerente de pesquisa e desenvolvimento do negócio de soluções industriais da Dow.

A Indorama, atenta às necessida- des do mercado, mantém o ritmo de inovações, citando como desenvol- vimentos recentes o Surfom ULV 8 (adjuvante para mistura de tanque em aplicações por drone. “É uma técnica de aplicação que vem crescendo glo- balmente, o que demanda novas solu- ções em defensivos e adjuvantes que aumentem sua eficiência”, comentou Pitta. O Surfom 8152 é adjuvante para formulações de Glufosinato e suas combinações, um dos herbicidas que mais tem crescido em uso em grandes culturas como soja, milho e algodão. Outra novidade é o Surfom 8155, emulsificante para formulações com- plexas, tais como micro emulsões, possibilitando gerar formulações de compostos naturais e ativos químicos dissolvidos em solventes.

“Além dos lançamentos, a inte- gração da Oxiteno com a Indorama nos permite complementar linhas de produtos já conhecidas no mercado, como Tersperse, Surfonic, Termul e Termix, com a linha de produtos Surfom, fazendo com que nosso portfólio seja cada vez mais completo, permitindo aos formuladores escolher a melhor solução para cada tipo de formulação”, disse Pitta.

As combinações de produtos técnicos em formulação única, bem como as misturas de tanque feitas com defensivos e fertilizantes foliares, exigem incluir soluções químicas mais avançadas, desenvolvidas especificamente para essa situação complexa.

“Os agricultores precisam fazer aplicações conjuntas de diversos produtos para maximizar a eficiência de aplicação nos diferentes estágios de crescimento das culturas. A quantidade de diferentes combinações de produtos incompatíveis é incalculável e é por isso que o agricultor precisa de uma solução customizada de compatibilizantes para caldas em tanque. As ferramentas tecnológicas da Clariant permitem gerar uma solução customizada de adjuvantes e compatibilizantes de caldas que permite a maior efetividade de aplicação sem comprometer o controle de pragas e a nutrição dos cultivos, partindo de químicas de produtos amigáveis ao meio ambiente”, explicou Florez. Ele   destacou a linha de compatibilizantes  Synergen® C, na qual há alternativas para solucionar problemas de entupimentos de bicos causados por combinações de glifosato e fertilizantes foliares na mesma aplicação, enquanto outras linhas são indicadas para compatibilizar sistemas herbicidas com fertilizantes para misturas de defensivos agrícolas.

Pitta, da Indorama, vê no aumento da resistência de pragas, doença e plantas invasoras a razão para a formulação de combos de ingredientes ativos, de modo a combater as formas resistentes e ampliar o espectro de controle. “Os formuladores incluem dois, três e até mesmo quatro ingredientes ativos em uma única formulação; nosso comprometimento está em viabilizar soluções e metodologias para que esses desafios sejam superados pelos nossos clientes. Outro ponto relevante no desenvolvimento de nossas soluções é alinhar a performance à sustentabilidade, agregando valor aos produtos finais de nossos clientes, contribuindo para redução de toxicidade, redução nos impactos da cadeia logística e consequente redução de emissões, e no consumo de recursos finitos no campo”, salientou. O avanço dos produtos biológicos chama a atenção também dos fornecedores de insumos químicos de formulação, interessados em oferecer respostas mais eficientes aos desafios desse novo segmento dos defensivos agrícolas.

“Recentemente, a Nouryon inaugurou o Centro de Aplicação e Desenvolvimento no Brasil e temos trabalhado bastante com foco no seg- mento biológico, ainda um mercado pequeno, mas que está crescendo ra- pidamente. No futuro, ele será muito atrativo e temos que estar preparados e posicionados para atuar como first in mind dos nossos clientes. Em nossa visão, os biológicos serão uma grande ferramenta complementar aos químicos”, explicou Zaremba, sa- lientando que o portfólio da companhia está em contínua revitalização, contando com parte da receita obtida com lançamentos realizados nos últi- mos cinco anos.

“Os biológicos já são uma realidade no Brasil. Cada vez mais a indústria vem se especializando nessa principal tendência global com enfoque em sustentabilidade e alternativas no manejo das lavouras do Brasil. Estamos desenvolvendo um portfólio específico para esse segmento, pautado em compatibilidade nas principais cepas da América Latina. Para esse ano, iremos construir uma fundação para esse mercado, focando em inovação e novos negócios para safra 23/24”, comentou Alves, da Dow.

“A adoção de biocontroles e bioestimulantes é inexorável e traz desafios complexos quanto a formulações que permitam manter os agentes biológicos viáveis pelo máximo de tempo possível, assim como sua compatibilidade com outros agentes biológicos e também ingredientes ativos químicos, o que por sua vez demanda alta dedicação de P&D no desenvolvimento de inovações que superem essas dificuldades”, avaliou.

Pitta. Nos últimos anos, a Indorama concentrou esforços para entender essas particularidades por meio do desenvolvimento de processos internos e com equipes especializadas nesse campo, com o objetivo de posicionar seu portfólio para esse tipo de aplicação, focando atualmente no desenvolvimento de novas moléculas para formulações de biológicos e suas combinações.

A Clariant considera os ativos biológicos como uma solução promissora para a proteção das culturas, porém a consistência da eficácia desses ativos não é comparável com a dos defensivos convencionais. Alguns dos problemas apontados pela companhia são a degradação dos microrganismos durante a armazenagem e os fatores ambientais. “É por isso que as formulações devem ser otimizadas com adjuvantes específicos que melhorem a eficácia biológica, sem afetar o crescimento e o modo de ação dos microrganismos. A Clariant pode desenvolver fomulações customizadas partindo de testes de biocompatibilidade que são essenciais para o desempenho final. Ao invés de fazer contagens em placa (CFU) para analisar o crescimento vegetativo dos microrganismos, a Clariant adota um método indireto, fluorométrico, conhecido como high-throughput para calcular a viabilidade do microrganismo em tempo recorde”, finalizou Florez.    

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