Dr. Ulisses R. Antuniassi
Professor Titular da FCA/UNESP – Botucatu/SP
Os drones de pulverização se tornaram relevantes no mercado internacional (e no Brasil) nos últimos 5 anos, mas o conceito do uso de aeronaves remotamente pilotadas para a aplicação de defensivos foi desenvolvido inicialmente na década de 1990, quando a Yamaha lançou no Japão o helicóptero R-MAX. Apesar da ideia não ser novidade, foi apenas quando os chineses lançaram os primeiros drones multirotores de pulverização (na primeira metade da década passada) é que o conceito se popularizou ao redor do mundo. Hoje, já não é possível imaginar o mercado fitossanitário sem essa ferramenta de trabalho. Segundo dados compilados pelo pesquisador Vicente Cornago (doutorando da FCA/UNESP – Botucatu/SP), a frota de drones de pulverização importados para o Brasil dobrou de 2022 para 2023, e o país deverá fechar o ano com mais de 12 mil aeronaves remotamente pilotadas importadas (dados acumulados desde 2020). Com isso, estima-se que o Brasil tenha a segunda maior frota de drones de pulverização do mundo, apenas atrás da própria China.
Em parte, esse crescimento vem da constante busca do agronegócio pela inovação, mas é a expectativa de ter uma ferramenta simples e de baixo custo que tem sido a mola mestra das vendas no país. Apesar da reduzida capacidade operacional frente a técnicas como os pulverizadores de barras e as aeronaves agrícolas convencionais, é a flexibilidade de uso em locais e situações em que as outras técnicas têm dificuldade que se tornou o principal fator de desejabilidade dos drones de pulverização.
Apesar desse crescimento notável no mercado brasileiro, o uso de drones para pulverização impõe uma série de desafios no tratamento fitossanitário. Faltam profissionais com conhecimentos básicos dessa tecnologia de aplicação, assim como há muitas dúvidas sobre processos indispensáveis para o uso correto e seguro da tecnologia: ajustes e calibração, faixa de deposição, espectro de gotas e risco de deriva. Com isso, apesar do mercado crescer em ritmo alucinante, ainda são poucos os profissionais que realmente entendem a tecnologia para gerar aplicações eficazes, e isso tem se tornado um elo fraco do próprio crescimento do mercado, visto que são muitos os relatos de aplicações com qualidade duvidosa.
Um dos desafios mais interessantes na adoção desta nova tecnologia é a dificuldade dos técnicos em entender que se trata de um novo conceito, uma nova modalidade de pulverização (não se trata nem de aplicação aérea nem de terrestre), e como tal ela requer uma mudança radical na forma de pensar o pulverizador. As principais ações para o ajuste fino da tecnologia de aplicação são automatizadas e sujeitas a decisões dos algoritmos de controle dos equipamentos, e itens básicos como a pressão de trabalho não fazem mais parte do raciocínio de calibração. Com isso, torna-se fundamental o investimento no treinamento e capacitação de profissionais para este mercado.
Do ponto de vista regulatório, a Portaria 298 do MAPA (publicada em setembro de 2021) foi decisiva para oficializar um mercado que já era bastante relevante. Definições como a necessidade dos cursos de habilitação e as faixas de segurança para mitigar riscos de deriva foram fundamentais para dar uma base segura para o uso dos drones de pulverização. Entretanto, na medida em que os drones e o próprio mercado fitossanitário evoluem, torna-se necessária uma constante evolução deste regramento, o que transforma as questões regulatórias um outro desafio a ser encarado. Como exemplo, ainda são pouco os defensivos que apresentam o drone como modalidade de aplicação em suas bulas, trazendo informações técnicas e de segurança específicas para esta modalidade. Em geral, o mercado segue o entendimento advindo da Portaria 298 de que as aplicações com drones e com aeronaves convencionais são equivalentes, o que remete à possibilidade de que qualquer defensivo que seja aprovado para aplicações aéreas seja aprovado também para drones. Apesar desse entendimento abrir caminho para o uso legal dos drones para a pulverização de inúmeros defensivos, permanecem dúvidas quanto aos ajustes mais adequados no volume de calda e nas classes de gotas para que as pulverizações com drones sejam eficazes e seguras.
Tendo em vista a busca constante por aplicações eficazes e seguras, um dos setores de pesquisa que mais se destaca atualmente é o desenvolvimento de produtos e soluções para a otimização das caldas fitossanitárias nas aplicações com drones. O uso de volumes de calda reduzidos impõe necessidades específicas no que se refere à estabilidade e compatibilidade das misturas, assim como na capacidade de deposição, cobertura, espalhamento, penetração e redução de perdas, entre outros fatores. Por esta razão, torna-se fundamental a escolha de adjuvantes e formulações que tenham sido desenvolvidas e otimizadas especificamente para a pulverização com drones.
Independentemente desses desafios, os drones de pulverização devem ser vistos como um caminho sem volta, pois os custos na atividade estão se tornando cada vez menores, o que só aumenta a desejabilidade de uma técnica que já se posiciona como sonho de consumo número um na aplicação de defensivos.
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